quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Meus livros favoritos de 2017


Já passou muito tempo desde a última vez que postei sobre recomendações de livros e já que o ano está acabando, resolvi fazer um "Best of" dos livros que li em 2017!
Caso alguém tiver um perfil no site Goodreads, me adicionem! Eu amo esse site, é o número 1 em termos de livros (em inglês). O mais legal é ver as resenhas, interagir com os autores e vê os lançamentos. Tem várias listas e recomendações, é um paraíso para qualquer leitor.

Livros lidos em 2017: 35
Quantos desses eu larguei antes do final: 6
Top Gêneros: Fantasia (quase todos), YA Fantasia, Históricos
Autores mulheres x autores homens: 16 x 2
Minha avaliação em média foi: 3.4 estrelas
O livro mais longo: 624 páginas

Meus livros favoritos em 2017

Posso dizer que caí um pouco no mundo sombrio, pois descobri a minha paixão pelos anti-heróis. Então muitos dos livros que indicarei aqui contém personagens não muito amáveis e às vezes até livros violentos.
Obs: Eu leio todos os livros em inglês, portanto, só recomendo aqui os livros dos quais já existe tradução para o português. Porém, alguns livros têm uma tradução que altera um pouco o tom do livro e são um pouco diferentes do original, então não posso dizer nada sobre a versão em português pois não as li.
(Eu não tinha um inglês fluente quando comecei a ler livros em inglês. Então recomendo a qualquer pessoa a tentar!)

Começando pelos livros mais leves...

Um Tom Mais Escuro de Magia (1° de uma trilogia)
V.E. Schwab

*Comecei a ler a trilogia antes de 2017, mas li o último livro esse ano*
Esse livro tem uma das minhas personagens favoritas, a Lilah Bard. Ela é uma orfã pobre e bandida, mora em Londres (de época) e sonha em se tornar pirata. Ela carrega um "mapa para qualquer lugar" consigo e sonha em escapar para algum lugar. Entra Kell (ou Keli, em português) que vem de uma outra Londres, uma cidade num mundo paralelo que é cheia de magia, só que ele é o último mago. Ele é um embaixador do rei e contrabandista de objetos de todas as cidades Londres alternativos (existem vários). Ele é o único que consegue viajar entre esses mundos - quer dizer, era! Pois Lilah deu um jeito de ir com ele (para experenciar uma aventura). Juntos eles precisam salvar todos os mundos alternativos de uma magia perigosa que já conseguiu destruir um mundo por inteiro.
- Esse livro é o exemplo perfeito de uma história que antigamente eu talvez não teria lido pois não há história de amor. Existe um clima sim, e o leitor consegue imaginar que talvez algo possa rolar. Mas nesse primeiro livro vemos amizade, coragem e personagens imperfeitos. É cheio de imaginação e bem original; a autora inventou uma magia diferente, sómbria, possessiva.
Lilah é uma menina que prefere roupas masculinas, que é fascinada por armas e super independente e corajosa, e apesar de eu não gostar quando autores transformam as suas personagens femininas em mulheres forçadamente masculinas, que detestam qualqer coisa tipicamente feminina - isso é de fato bem anti-feminista - eu gostei da caracterização da Lilah. No caso dela, realmente faz sentido ela ser do jeito que é, e apesar de toda a sua inteligência e coragem, Lilah é uma pessoa frágil, intensamente humana. O maior desejo dela é viver.
"Eu não vou morrer," ela disse. "enquanto eu não tiver visto.""Visto o que?"O sorriso dela aumentou. "Tudo."
Ai gente, essa Lilah. E esse Kell. Tenho que dizer, que o único defeito desse livro é o início lento - demorou um pouco até eu me "conectar" com os personagens e com a história, mas eu recomendo à todos de seguir lendo pois vale a pena.

Mentirosos
E. Lockhart (Livro único "Standalone")

*Li esse livro no final de 2016, mas reli depois em 2017*
Um livro com personagens adolescentes, mas com uma trama e um estilo bem mais sómbrio que é o costume dos livros YA. O foco da história é uma família rica, uma ilha particular e um grupo de adolescentes, três primos e um amigo, que cresceram juntos e se autodenominam "os mentirosos". Por tradição a família sempre passa o verão na ilha, até que toda a glória é interrompida por um estranho acidente. Cadence, a protagonista, perde parte da sua memória e tenta entender o que aconteceu e porque tudo mudou. O leitor acompanha Cadence durante os seus flashbacks, relembrando o passado, tentando decifrar o mistério do seu acidente. É um suspense muito bem elaborado, imprevisível, e com um vibe de high society e decadência. Eu fiquei de queixo caído no final. Acho que li o livro em um ou dois dias porque simplesmente precisava saber o que tinha acontecido. É perfeito para quem gosta de brincar de Sherlock Holmes e criar teorias, só para no final perceber que o autor é mais esperto que você.

Beleza Cruel
Rosamund Hodge

Contos de fada são comigo mesmo. Mas contos de fada com uma pegada sómbria são melhor ainda.
Beleza Cruel é uma versão nova de A Bela e a Fera (que é um dos contos de fada que eu menos gosto). Nessa história, Nyx é prometida ao Lord Gentil, o líder malvado e mal assombrado do reino onde vivem. Nyx sempre soube que ela teria que casar com esse monstro para pagar a dívida do seu pai, e portanto, ela é amarga e carrega uma grande mágoa da sua família. Ela não é uma menina doce. Ela cumpre a sua palavra porque ela não tem outra opção, mas ela sente raiva do seu pai por sacrificá-la assim.
Nyx tem esperança que ela possa acabar com a maldição que aterroriza o seu mundo, mas ela também sabe que ela corre um enorme risco.
Ela fica presa em um castelo encantado, cheio de magia e labirintos, e descobre que o Lord Gentil é diferente do que ela imaginava. Não, ele não é um mocinho trágico. Ele é malvado, ele é quem ele é. Mas Nyx percebe que talvez ela encontrou o marido que ela merece.
O livro é uma viagem, então nem todo mundo vai gostar. É como se você tivesse lendo um sonho de alguém. Têm muitas referências da mitologia grega e me lembrou um pouco aqueles contos doidãos da Antiga Grécia. Mas é isso que eu gosto. Eu não leio para descobrir histórias realistas. Eu leio para justamente poder descobrir novos mundos, ideias absurdas, histórias que parecem virem de outro planeta. Claro, de vez em quando eu também curto um livro histórico ou com fatos reais, mas na maior parte do tempo eu quero mesmo me jogar na imaginação e fantasia de um autor esperto. Beleza Cruel é assim: uma viagem maluca com personagens mais para vilões do que mocinhos, mas cheio de emoção e com uma história de amor muito linda.
Obs.: O outro livro da autora que é inspirado no Chapeuzinho Vermelho eu não gostei e desisti de ler.

Six of Crows - Sangue e Mentiras (1° de uma duologia)
Leigh Bardugo

Six of Crows se passa no mesmo universo da primeira trilogia da autora Leigh Bardugo, no mundo dos Grisha. A trilogia Grisha foi bem popular e acho que muita gente conhece. Eu preferi Six of Crows mil vezes. Apesar de eu ter gostado do primeiro livro, Sombra e Ossos, o resto da trilogia Grisha me irritou pra caramba, porque o idiota do Maly era muito chato e a autora insistiu em forçar o romance entre ele e Alina, e na minha opinião o Darkling foi um dos melhores vilões que já apareceu em livros YA e a autora estragou tudo ao diminuir o papel dele nos livros. ENFIM. Eu queria mesmo falar de Six of Crows.
A trama é simples: uma gangue de seis talentosos jovens recebe a proposta de roubar algo de um lugar impenetrável. O trabalho é impossível e a recompensa seria maior do que qualquer um deles jamais sonhou ter. Kaz Brekker, o líder da gangue, não tem escrúpulos e nem coração (assim dizem). Ele é mais esperto do que seria saudável e não tem medo da palavra "impossível". A sua gangue é formada por jovens que não admitem abertamente serem amigos e portanto a dinâmica entre eles é perfeita, cheia de sarcasmo, zoação e emoções escondidas. Kaz é o chefe carismático que tem um passado escuro e ninguém consegue se aproximar dele, com exceção de Inej, que é, de uma certa forma, a voz de razão do grupo (ou pelo menos, ela tenta). Resumindo, o livro é uma mistura de Ocean's Eleven, gângsters e Grisha e é pura ação com pitadas de emoções. Os personagens são interessantes e fortes, todos naquela "área cinza", nem vilões nem mocinhos e todos eles são meus amores.
Por Six of Crows ser um livro de uma autora já bastante famosa, o fandom é bem grande e existem muitas artes lindas no tumblr que com certeza incentivam ler o livro!

Lobo por Lobo (1° de uma duologia)
Ryan Graudin

Estamos partindo para os livros mais sómbrios. Já avisei que entrei num caminho dark. Essa duologia da autora Ryan Graudin não é para qualquer um, pois é pesada, é triste, é tiro após tiro, e partiu meu coração. Mas olha, eu amei. Primeiro, a trama: imagine um passado alternativo - os Nazistas ganharam a Segunda Guerra Mundial e o mundo é outro. Para celebrar a força dos jovens arianos e seus cúmplices japoneses, ocorre uma corrida de moto anualmente, que percorre três continentes: os jovens viajam da Europa, através da África, até o Japão de moto. O participante que chegar mais rápido no destino final ganha não só dinheiro e fama, como também recebe uma medalha diretamente das mãos de Hitler. Entra Yael, uma adolescente judia que sobreviveu um campo de concentração e luta na resistência para derrubar os nazistas. Mas Yael não é uma menina comum. Os experimentos que ela sofreu nas mãos de médicos nazistas a transformaram em uma mutante. Ela consegue mudar a sua aparência. O plano dela é arriscado: ela se passará por uma jovem alemã chamada Adele para participar da corrida. Só que ela não só precisa vencer todos os outros participantes na corrida - ela também precisa convencer o irmão gêmeo da sua nova identidade, assim como o ex-namorado da menina de que ela é de fato Adele.
Eu leio muito e tenho que dizer que muitos livros têm tramas clichês, repetitivos ou com aqueles elementos que você já parece que viu em dez outros livros. Quando eu descubro um livro com uma trama tão original e diferente como Lobo por Lobo, eu tenho que dar uma chance. Eu gosto de livros que estão fora da caixa, fora do que é "normal". Talvez você pensaria "mundo alternativo nazista? que doideira" mas é justamente esse tipo de história que merece ser escrita. Algo completamente novo e original.
Mas esse livro não é só esperto na sua trama, na construção do mundo e das regras, na descrição dos lugares, na ação e no suspense constante. Esse livro é rico em personagens complexos, com várias camadas emocionais que são apresentadas uma por uma. Yael não é uma personagem comum. Esse livro têm personagens adolescentes mas não é um livro YA comum. Não tem nada de fofinho nessa história. Romance existe, amizade e muitas emoções também, mas é uma montanha russa mesmo. E você não consegue parar de ler.
Além de tudo, a escrita é muito boa (eu li em inglês, não sei como ficou a tradução). O estilo da autora é diferente e você percebe um tom quase poetico em algumas partes.
O segundo livro também é incrível, mas já aviso que o final partiu meu coração.

Prince of Thorns (Trilogia completa)
Mark Lawrence

Parece que não traduziram o título do livro, mas a trilogia completa já existe em português.
Bom, quem acompanha o meu blog sabe que eu sou feminista, por isso, talvez vão se assustar caso decidam ler Prince of Thorns. Faz parte do gênero dark fantasy, ou seja, fantasia sómbria e acho que esse foi um dos livros mais violentos e pesados que já li. Em algumas cenas eu ficava com uma careta de nojo porque a violência e os cenários são bem pesados mesmo. Talvez eu tenho problemas mesmo, mas raramente curti tanto uma trilogia como essa! Claro, não é para qualquer um. Mas se você continuar, você se vicia.
Jorg é um príncipe de um reinado chamado Ancrath, mas ele fugiu do palácio e dos seus privilégios para se juntar a uma gangue de criminosos e se vingar do homem - seu tio - que mandou assassinar a sua mãe e seu irmão mais novo, quando Jorg era uma criança. No primeiro livro ele tem 13 e depois 14 anos, mas ele é uma "alma velha" e extremamente esperto, e já age e pensa como um homem adulto. Ele é ambicioso, não tem moral e nem escrúpulos, ele comanda um bando de assassinos e estupradores e faz parte desses crimes, além de ser tão violento que os seus "irmãos de estrada", que são homens adultos, têm medo dele. Mas apesar dele ser horrível, ele é extremamente carismático, tem um humor único e é complexo e fascinante. Jorg não se desculpa - ele sabe que é uma pessoa horrível, e principalmente no último livro dá para notar o quanto isso o tormenta.
"Nós dois passamos por caminhos sómbrios, senhora. Não pense que o meu seguirá de volta para a luz. De todos aqueles que tentaram me guiar - entre meu pai, os sussuros dos espinhos, o conselho malvado de Corion- a voz mais sómbria foi sempre a minha."
Muitas pessoas escreveram resenhas negativas sobre o 1° livro por causa da questão de estupro, mas tenho que defender o autor. Em nenhum momento do livro surge uma cena de estupro ou descrição de violência contra mulheres. O que ocorre no primeiro capítulo é a mênção de forma fria e cruel que houve estupros no contexto da destruição de territórios de inimigos; isso se resume a uma ou duas frases. Certamente, Jorg se mostra da sua pior forma no primeiro capítulo e isso faz com que muitas pessoas não continuam a ler o livro, porém, o personagem mostra bastante desenvolvimento pessoal ao longo da trilogia (apesar de nunca se tornar realmente uma pessoa "boa").
Já no meio do primeiro livro Jorg encontra uma menina pela qual ele desenvolve sentimentos verdadeiros e, com exceção da sua madrasta (quem ele ofende), praticamente todas as mulheres e meninas que aparecem na história ao longo da trilogia são bem tratadas pelo Jorg, e inclusive respeitadas por ele principalmente pela capacidade intelectual e estratégica delas.

O livro se passa num mundo futurístico que voltou à Idade Média e tem elementos de magia muito bem feitos (inspirados na força do pensamento, tudo que você pode imaginar pode se tornar realidade), e uma mistura de ciência e mitos.
"Um idiota poderá rabiscar algo numa pedra e se ninguém tiver o juizo de apagar aquilo por mil anos, o rabisco se torna a sabedoria da antiguidade." 
O estilo da escrita de Mark Lawrence é muito interessante, cheio de humor, mas também filosófico. Ele não perde tempo para descrever o mundo extensamente, mas mesmo assim, você consegue visualizar tudo e sentir-se parte daquele lugar. Os personagens são bem elaborados, não só o Jorg chama atenção pela sua inteligência e carisma, mas vários outros personagens, inclusive inimigos do Jorg, são bem complexos e interessantes. Uma coisa que sempre eleva o livro na minha opinião é quando os inimigos ou antagonistas são realmente invencíveis, quando as chances do protagonista são bem pequenas e dessa maneira, tudo fica mais sério e difícil. Nada me irrita mais do que antagonistas que eu não consigo levar à sério!
As duas principais personagens femininas que aparecem ao longo dos livros são também muito bem elaboradas, interessantes e fortes. No gênero fantasia as histórias são muitas vezes focadas no herói e as mulheres são só as mães ou princesas lindas, mas nesse caso as meninas são complexas, têm seus talentos e alta inteligência e em alguns momentos são elas que salvam tudo. Uma personagem feminina é uma vilã que eu achei extremamente bem escrita também.
Então que gosta da combinação de fantasia, violência, personagens fortes e difíceis, foco em vilões, e uma trama no estilo de Game of Thrones - dê uma chance para essa trilogia, que se tornou uma das minhas favoritas. É muito bem escrito:
"Nós dois passamos por caminhos sómbrios, lady. Não pense que o meu seguirá de volta para a luz. De todos aqueles que tentaram me guiar, entre meu pai, os sussuros dos espinhos, o conselho malvado de Corion, a voz mais sómbria foi sempre a minha."

Bom, esses foram alguns dos livros que mais gostei esse ano :) Teve mais uma série de livros (históricos) que amei, mas só tem em inglês por enquanto :(
Quem tiver lido algum dos livros e quiser me contar o que achou, deixe um comentário! E quem tiver mais alguma indicação de livros, mande ver nos comentários! Sempre ficou feliz com recomendação de livros!

Beijos
Ju








quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Como consumir de forma consciente e evitar lixo


Já escrevi um pouco sobre cosméticos ecologicamente corretos e marcas de produtos de beleza que seguem a linha orgânica, cruelty free e sustentável. Estou atualmente tentando adaptar os meus hábitos consumistas e quero compartilhar um pouco sobre isso por aqui :)

Consumo - e o que ele significa


Eu sou muito consumista. Demais. No Brasil, eu vivia indo aos shoppings e aqui na Alemanha adoro passear pelas ruas principais das cidades e entrar nas lojas. Ás vezes eu nem compro nada - eu só passeio e observo, faço pesquisa de preços e vejo as novidades. Mas muitas vezes eu levo alguma coisinha para casa, sim. Faço a mesma coisa nas lojas online - monto o meu carrinho com produtos que queria comprar só para no final sair do site antes de prejudicar ainda mais a minha conta bancária.
Comprar coisas novas é divertido, e eu adoro. É quase um vício. E quase todo mundo "sofre" desse vício. Tenho amigas que são loucas por objetos para casa, por exemplo. Uma delas é a louca das tigelas. Ela adora comprar tigelinhas coloridas e já tem um monte.
E gostar de comprar coisas em primeiro momento não parece um problema, enquanto a pessoa tiver dinheiro. Mas essa é exatamente a questão. Consumo em excesso é um problema enorme. E como de costume, poucas pessoas falam desse problema.

Qualquer uma de vocês pode ler mais sobre o assunto se quiser, mas eu vou resumir: Tudo o que compramos é, de uma maneira ultra-realista, futuro lixo. Tudo, ao menos a comida que comemos. Porém, até mesmo a nossa comida vem em embalagens de plástico ou papel. Então, 99% daquilo que consumimos é lixo ou vai se tornar lixo em alguns poucos anos, meses ou até semanas. Para nós, esse ciclo acaba quando botamos a coisa na lixeira. Nem pensamos sobre o destino daquilo, né! É lixo, ué. Bom, esse lixo muitas vezes vai para o lixão, para a reciclagem, muitas vezes acaba no oceano. O planeta terra tem um grande problema de lixo. A natureza e os animais sofrem com esse excesso de lixo. E do jeito que as coisas estão, esse problema parece só aumentar.


De um lado, produzimos muito lixo - e de outro lado, produzimos muitos produtos, que se tornarão lixo em breve. É um ciclo vicioso, uma maquina que é alimentada pela ganância de grandes empresas e ignorância dos seus consumidores. Mas nem tudo está perdido - pois você também é um consumidor e você também tem o poder de fazer uma diferença. Pode parecer pequena, essa diferença. Mas qualquer movimento, qualquer mudança, começou com alguns indivíduos e aos poucos foi se alastrando para a sociedade inteira. Então a sua compra, o seu dinheiro, é importante. E muitas vezes é o único poder que temos - sem nos dar conta disso. É fácil se sentir insignificante num mundo de 7 bilhões de pessoas, mas justamente o seu hábito de consumo é o seu poder. Você pode ser um cidadão consciente, que utiliza o seu poder de compra como uma peqeuna revolução - ou você pode continuar jogando o jogo dos grandes, onde todos - inclusive o planeta - perdem, e só o bilionário ganha (mais ainda).

O que isso significa de verdade?

É simples. Você recebe o seu salário. Você pode gastar esse dinheiro com X coisas - e as grandes marcas fazem de tudo para que você gaste o seu dinheiro com eles. Você ao invés de dar mais 50 Reais para uma loja como a ZARA, que produz por ano mais de 1 bilhão de unidades no mundo (sim, 1 BILHÃO de unidades por ano), você pode gastar esses 50 Reais com uma marca pequena, que produz pouco mas com qualidade. Você pode usar o seu dinheiro para apoiar e incentivar marcas que estão no caminho certo e que se importam com o nosso planeta.

Ou você pode gastar o seu dinheiro nas grandes lojas de roupa, chamados de "fast fashion" - e depois de pouco tempo doar aquela roupa ou até jogar fora, pois já está cheia de "bolinha" no tecido, ou furou e rasgou, ou saiu de moda.


A decisão é nossa e o poder também é nosso. 
Você não é insignificante, pois você faz parte do ciclo de consumo. E você é a peça mais importante, pois o dinheiro vem do seu bolso. No momento que você perceber isso, você se torna mais consciente sobre onde e em quê você quer investir o seu salário.

Fast Fashion X Quality Fashion

Eu comprei uma blusa no estilo Carmen esse verão. É uma dessas que deixa os ombros à mostra. Estava na promoção, uns 5 Euros. Comprei. Está até hoje no meu armário, nunca usei. Agora o verão europeu já passou e não sei se usarei essa blusa no ano que vem. Gastei esses 5 Euros com algo que eu não precisava. Nem pensei muito antes de comprar.
Isso é fast fashion. Barato. Bonitinho. Você leva sem pensar muito. E depois percebe que só usou 2 vezes ao ano e nem gosta mais do corte.

Outra vez, comprei uma meia-calça preta mais grossa para usar quando tivesse mais frio. Eu usava com vestidos e saias, e usei realmente muito. Uma vez rasgou um pouco e eu pinguei esmalte transparente para o furo não aumentar. Não dava para notar, então continuei usando. Esse ano me dei conta que essa meia-calça já estava sendo usada há 10 anos. Sim, uma decada! E sobreviveu dez anos à lavagens na maquina e à noites dançando. Quando eu comprei a meia, poderia ter comprado uma mais barata, sim - mas teria durado talvez um ano (como várias outras meia-calças minhas). Investir em um produto de melhor qualidade significa também que você vai poder evitar lixo. E olha, o planeta agradece.

Não só o planeta - o seu armário e consequentemente, a organização da casa. No feng shui se diz que o minimalismo é o segredo para a paz. Quanto mais nós acumulamos, mais bagagem carregamos conosco. Desapegar-se faz bem, mas sabe o que é melhor ainda? Evitar novos desapegos não comprando em excesso coisas que você não precisa! Dessa forma você vai economizar e poder investir em produtos de qualidade - ou numa viagem, se preferir. Consumo em excesso é algo que precisamos - devemos - evitar e vai nos fazer muito bem.

Vegano nem sempre quer dizer sustentável


Enquanto é legal poder apoiar marcas que não usam material de origem animal como couro ou lã, é também importante saber que muitas marcas acabam utilizando produtos tóxicos e de plásticos baratos para substituir o couro. Algumas marcas por exemplo utilizam PVC que é um plástico muito tóxico para o meio ambiente (ele é composto por cloro e petróleo).
Então quem realmente quer ajudar o meio ambiente deveria verificar sempre de que um produto foi feito e se aquilo é prejudicial ao meio ambiente.

De outro lado, é muito bom ver que grandes marcas estão se conscientizando no assunto de moda sem crueldade. A grande marca italiana GUCCI anunciou há pouco que não venderá mais peças com pele animal a partir de 2018 e que fará um leilão com as peças de pele animal atuais, doando todo o valor leiloado para uma ONG italiana que luta pelos animais. A marca sempre foi bastante ativa em relação à apoio à caridades e ONGs, além de ter sido uma das primeiras marcas de luxo a anunciar um plano de sustentabilidade.

E agora -  como começo?


O primeiro passo seria se desapegar de todas aquelas roupas, bolsas, sapatos que você não usou durante o ano inteiro. Claro, um vestido que você guarda para ocasiões especiais que não ocorrem todo ano você vai continuar guardando. Mas aquelas blusas e calças e vestidos que você nem lembra mais quando usou pela última vez - fora com isso, menina! Livre-se de coisas que você não precisa!

Organize então um troca-troca com as amigas! É super divertido. Existem várias dicas de como realizar um troca-troca legal.

Sobraram peças? São boas e você está precisando de uma grana extra? Tente vender no Mercadolivre ou em algum site de roupas usadas como enjoei.com - Isso inclusive é um ótimo jeito de consumir de maneira sustentável. "Second hand" é super popular na Alemanha, e sempre temos feiras de roupas e objetos usados durante os meses quentes. Berlin é famosa pelos seus "mercados de pulga". Você consegue achar muitas peças diferentes por um preço baixo, e não está contribuindo com a poluição do meio ambiente :)

Doação - todos nós fazemos e é sempre bom ajudar o próximo!

Comprar:

A opção realmente sustentável seria comprar peças de segunda mão num brechó, como fazem aqui na Alemanha. Eu ADORO participar de feirinhas de coisas usadas! É muito divertido. No Brasil isso ainda não é muito comum, mas quem sabe você encontra um! Na internet também existem muitas lojinhas brechós.

Usar o seu poder de compra com marcas sustentáveis, inovadoras e creativas é muito mais divertido - sem falar na sua consciência limpa e sentimento de ter feito algo bom para o planeta. Existem muitas marcas novas de empreendedores que realmente se esforçam para fazer a diferença. São marcas que têm produções pequenas, peças diferentes e condições de trabalho boas. Claro que o valor das peças é muitas vezes bem mais caro. Mas a qualidade é outra, e a peça vai durar muito mais tempo.

Mas nem todas as marcas grandes são necessariamente "inimigos do meio ambiente". Muitas estão realmente se esforçando para produzirem roupas sem tóxicos e transformar a sua produção em um processo mais ecologicamente correto. Em parceria com a Greenpeace várias marcas mundias prometem melhorar a sua produção de roupas até 2020. Essa é a meta - atualmente 76 marcas estão participando desta campanha chamada Detox. Isso são 15% de toda a indústria de têxtis. Entre os participantes estão a ZARA (Grupo Inditex), H&M, C&A, Adidas, Nike, Puma, Mango e outros.

A Greenpeace disponibiliza um resumo (atualmente não tem a versão em português) das atividades dos participantes, mostrando onde eles brilharam e onde ainda precisam melhorar. O interessante é que marcas mais baratas como a ZARA e H&M estão entre os melhores (junto com a marca Benetton), lojas super baratas como a PRIMARK estão entre as marcas na categoria "Em Evolução", enquanto marcas de luxo como Armani, D&G, Louis Vuitton e Versace (entre outros) estão entre o grupo "Toxic Addicts" (trad. "Viciados em tóxico"). Pagar mais caro não é sinônimo de receber um produto bom.

Só encontrei o resumo em inglês e alemão por enquanto. É muito interessante e vale a pena olhar a lista e ver quais empresas são os mais esforçados na questão de eliminar tóxicos, economizar água e não prejudicar o meio ambiente. Você também pode assinar a petição Greenpeace.

Compartilhe esta lista e petição com amigos e incentive pessoas a prestarem atenção nesse tema. Use a sua voz e escreva para as empresas pedindo que melhorem a sua relação com o meio ambiente. Cada mensagem é importante pois acredite, você não será a única pessoa que estará escrevendo. Juntos podemos fazer muitas coisas - e pelo menos ninguém pode dizer que não tentamos.

Um resumo do resumo:
O melhor entre as marcas de artigos de esporte está a Adidas - essa marca recebeu muitas críticas em 2014 por ter muito lixo tóxico na produção dos seus artigos. A Adidas escutou e resolveu melhorar - e hoje é a mais sustentável entre os concorrentes. Claro, isso não quer dizer muito pois a maioria das marcas não são ecologicamente corretas, mas é um começo!

A C&A apesar de ainda estar na categoria "Em Evolução" (e não "Vanguarda" como a Zara) recebeu elogios da Greenpeace pela sua alta transparência. A C&A oferece uma lista extensa com todos os seus fornecedores por região, mostrando assim de onde vem o material para produção.

A Nike está entre o grupo "Faux Pas" ("Deslize" ou "Passo para trás") - eles não eliminaram tóxicos por completo da sua produção. Um dos piores tóxicos, o PFC, só foi eliminado em 90% das peças da Nike e a marca ainda não mostrou dedicação para eliminá-los por completo (enquanto quase todas as outras marcas já eliminaram esse tipo de tóxico). Além disso, a Greenpeace também critica que a Nike não verifica a descarga dos produtos químicos dos seus fornecedores e ainda não apresentou planos para mudar isso.

Eu por minha parte quero gastar o meu dinheiro a partir de agora com marcas que se dedicam e mostram responsabilidade com o nosso planeta, e que não produzem exageradamente. Futuramente quando eu tiver com um salário mais alto, poderei me comprometer de comprar mais com marcas menores e bem sustentáveis. Claro que depende muito da nossa situação financeira o que podemos fazer, mas evitar o excesso de consumo é algo que todos somos capazes.

Alguns famosos também já estão mostrando bastante consciência sobre marcas e um estilo de vida sustentável - inspira-se neles!
Yasmin Brunet - ela é vegetariana e sempre posta dicas de marcas veganas e sustentáveis no seu Instagram. Ela está preparando um site próprio onde vai apresentar as suas marcas favoritas.

Emma Watson - ela recentemente mostrou-se bastante engajada em incentivar marcas a serem mais sustentáveis e usou somente marcas ecológicamente corretas durante o seu tour de imprensa pelo mundo para o filme A Bela e a Fera. Ela criou um perfil no Instagram The Press Tour onde posta todos os detalhes sobre as roupas usadas em eventos. Apesar de que são roupas de gala e vestidos que quase nenhuma pessoa usaria na vida real, o foco que Emma trouxe para o assunto de sustentabilidade na moda é bastante admirável. Leia também a sua entrevista (em inglês) com o blog Into the Gloss onde Emma conta todos os produtos de beleza que ela gosta.

Natalie Portman - a atriz é vegetariana desde a infância e também se dedica à causa. Hoje em dia ela é vegana e criou uma linha de sapatos veganos para a marca Té Casan, pois ela sempre achava difícil encontrar sapatos sem material de origem animal.

Elizabeth Olsen - a "metade" das gêmeas Olsen sempre usou a sua voz para protestar contra o abuso de animais e ela tem uma marca de sapatos chamada OlsenHouse Pure Vegan que só utiliza materiais veganos. O legal é que a composição das suas peças contém materias sustentáveis como lona e cortiça, e pouco plástico.

Olivia Wilde - a atriz vegana é muito dedicada a incentivar e apoiar marcas sustentáveis e fair trade. Ela co-criou uma agência chamada Conscious Commerce que verifica se o dinheiro de compras realmente está sendo entregue às pessoas que produziram o produto comprado, além de criar novos modelos de business para empresas que querem se tornar mais eco-friendly. Olivia Wilde também foi o rosto da campanha de uma nova linha sustentável da grande marca de roupas H&M (concorrente da Zara que infelizmente ainda não existe no Brasil) e atualmente é a nova embaixatriz e ativista para uma marca de produtos de beleza não-tóxicos, True Botanicals.

E para quem quiser ver algumas marcas brasileiras veganas, eis aqui uma ótima lista.

***

Como sempre, escrevi demais - então obrigada para você que leu até o final :) O que você acha de consumo em excesso? Você conhece alguma marca que gostaria de compartilhar? Conte nos comentários!

Beijos
Ju


terça-feira, 11 de julho de 2017

Girl Gang: Mulheres na história - Antiga Grécia

Mulheres na história I - e as lições que elas nos trazem até hoje!

É estranho pensar que esse nosso mundo já existe há milhares de anos e que há 3000 anos existiam pessoas com sonhos e problemas comuns, que nem sequer imaginavam que algum dia uma menina curiosa iria ler obcecadamente tudo que encontrava sobre os pequenos restos da cultura desse pessoal antigo, no seu laptop com ajuda da internet. Esse mundo já viu muitas histórias extraordinárias e muitas dessas histórias não foram contadas. Como disse Virginia Woolf: "Ao longo da maior parte da história, 'Anônimo' foi uma mulher." 

As histórias que ouvimos - sobre Alexandre o Grande, Júlio César, Jesus Cristo - sempre foram focadas nos homens. Porque não pensaram em contar mais sobre a vida de Maria Magdalena e o impacto que aquele homem chamado Jesus fez na vida dela? Ou porque não pensaram que seria importante nos contar sobre como Maria se sentiu quando soube que seria mãe de um menino extraordinário? Será que ela teve medo? Será que ela deu adeus à ele sorrindo, quando ele foi embora para tentar salvar o mundo? Ou será que ela sentiu o seu coração partir, já pressentindo que algo horrível aconteceria com o seu jovem filho?
Algum tempo atrás mulheres só apareciam na beira das grandes histórias. As mães, companheiras, cientistas e estrategistas fizeram parte na construção de tudo que conhecemos hoje, mas a história apagou muitos dos seus nomes porque quem escrevia os livros nem sempre achava necessário mencionar mulheres. Mas algumas dessas grandes mulheres foram brilhantes demais para serem ignoradas. E os nomes delas não morreram.

Como diriamos hoje em dia: Contarei-lhes um pouco sobre essas mulherão da porra.

Agnódice - a primeira médica na história


Não podemos dizer que Agnódice foi de fato a primeira médica, mas ela foi a primeira mulher a se tornar oficialmente e legalmente uma médica. E Agnódice era mesmo uma "bicha dextruidora" dos tempos antigos. Imaginem só: Agnódice era de Atenas, na Antiga Grécia, onde mulheres eram proibidas de estudarem medicina e praticarem a profissão de médica. Agnódice percebeu que muitas mulheres morriam ao dar a luz aos seus bebês e então decidiu que estudaria medicina para ter a oportunidade de evitar tantas mortes. A proibição por causa do seu gênero não a impediu - ela foi até Alexandria no Egito e estudou com Herophilus que foi o primeiro anatomista da história. Lembrando que Alexandria era conhecida como uma cidade livre, onde havia bastante tolerância religiosa e onde mulheres eram bem mais livres para estudarem e exercerem funções que em outras partes do mundo eram permitidas somente aos homens.
Agnódice retornour à Atenas disfarçada de homem e foi trabalhar como médica ginecologista. E ela era muito boa - tão boa que os outros médicos também notaram o seu talento e ficaram com inveja do seu sucesso. Eles então a acusaram de estar seduzindo as pacientes (já que acreditavam que ela era um homem) e Agnódice teve que ser julgada pelo tribunal. Durante o julgamento ela tirou a roupa dela, provando que era uma mulher e não tinha seduzido as pacientes coisa nenhuma. Obviamente que a acusaram então de ter agido de maneira ilegal, pois como mulher ela era proibida de atuar como médica e isso na época justificava a pena de morte. Mas todas aquelas pacientes que Agnódice tinha tratado correram para defendê-la e então o tribunal acabou mudando a lei e começaram a permitir que mulheres estudassem medicina e se tornassem médicas.

Lição de Agnódice: Limites não existem. Nunca desista de um sonho ou ambição só porque outros dizem que você não pode suceder. Tenha coragem de buscar por meios não-convencionais para adquirir o conhecimento e a experiência para realizar os seus planos. Amizade e lealdade valem muito mais do que status e podem te salvar em situações difíceis!

Aspásia - que dava lições aos filósofos


Aspásia era *a* mulher da época. Se existisse revista Vogue e Instagram na época, ela seria a capa de setembro e teria o maior número de seguidores.
A vida de mulheres em Atenas era limitada - elas não participavam da vida pública e ficavam praticamente confinadas dentro de casa. A exceção eram as hetaerae, que eram mulheres com alta educação e entretoras profissionais de alta classe. Hetaerae eram um tipo de prostitutas de um classe muito alta e eram diferente das mulheres de Atenas por serem muito educadas (no sentido de estudos), independentes e pagavam imposto. Portanto, eram as mulheres mais livres da época (na Grécia). Aspásia era originalmente de outra parte da Grécia (que hoje seria parte da Túrquia) e era (provavelmente) uma hetaera, portanto, ela tinha mais liberdades e um status social diferente de todas as outras mulheres.
Mas a parte mais interessante sobre Aspásia não era só o fato dela ter sido uma mulher de alta educação. Ela se tornou tão influente que é mencionada nos textos de Platão, Aristophanes, Xenophon e outros. Também especulam que os ensinamentos de Aspásia influenciaram Sócrates.
Aspásia se tornou a amante de Pericles, um grande homem do estado e general da Grécia. A casa de Aspásia virou o centro de encontro cultural de Atenas. Imagina - os mais renomados filósofos se encontravam na casa de Aspásia! Como deve ter sido, né?
Segundo Platão, Aspásia tinha um dom para a conversação e apesar de ela ser uma pessoa de morais baixos (leia-se: ela era uma mulher não-casada), os homens que frequentavam a sua casa traziam as suas esposas para ouvirem Aspásia.
Uma grande mulher que impressionou e influenciou vários grandes homens! Como Platão diz em "Pericles, XXIV": "Como se pensa que ele (Pericles) procedeu dessa forma contra os Samianos para agradar à Aspásia, este é um bom momento para questionar qual grande arte ou poder essa mulher teve, que ela fazia como lhe agradasse com os homens do Estado e deu ocasião aos filósofos para discutí-la em palavras exaltadas e em profundidade."

Lição de Aspásia: Não subestime a arte de ser comunicativa e social. Ler bastante e se informar sobre os mais variados assuntos é a melhor estratégia para se conectar com as pessoas em reuniões. Exija respeito e não se diminua, mesmo não tendo o mesmo status social que outras pessoas. Grandes nomes também começaram algum dia. Homens seguros de si não se sentirão ameaçados por uma mulher genial - sentirão admiração e respeito, e você não merece nada menos que isso.

Gorgo de Sparta - a rainha incorruptível


Gorgo foi a filha do rei de Sparta, chamado Cleomenes I, depois se tornou a esposa e rainha do rei de Sparta, Leonidas, e também foi a mãe do próximo rei de Sparta, Pleistarchus. Gorgo ficou conhecida por ser extremamente esperta e por dar conselhos valiosos tanto ao seu pai como rei, tanto ao seu marido. Quando ela ainda era criança, o seu pai permitia que ela ficasse presente durante conversas com visitantes e enviados, tudo príncipes, reis ou políticos, e ela dava a sua opinião ao pai. Historiadores dizem que em nenhuma outra cidade grega a presença de uma moça era permitida neste tipo de encontro, muito menos ouvia-se a opinião de uma menina ou mulher. Na época, um rei tirano da Pérsia, Aristagoras, tinha conseguido um pacto com Atenas e estava então tentando comprar o apoio de Sparta, oferecendo ouro para Cleomenes I, que recusava. Porém, Aristagoras insistiu até que Gorgo disse ao pai: "Pai, o seu visitante irá te corromper se o senhor não levantar e ir embora." E o seu pai segui o seu conselho. Isto ficou famoso na Grécia, onde começou a se dizer que era mais fácil instigar 30 mil homens de Atenas à corrupção, do que uma garota de Sparta.
Anos depois, Gorgo continuou demonstrando a sua esperteza e força de caráter. Numa ocasião quando Sparta recebeu um bloco de pedra com uma mensagem secreta de um homem chamado Demartus, que estava em uma cidade da Pérsia e ficou sabendo dos planos do rei da Pérsia para invadir a Grécia, ninguém sabia o que fazer com aquele bloco de pedra - estava coberto de cera e todos ficaram confusos. Gorgo foi a pessoa que sugeriu retirar a cera do bloco de pedra, e ao fazer isso, descobriram a mensagem secreta de Demartus e não foram pegos de surpresa diante dos avanços do rei da Pérsia.

Lição de Gorgo: A melhor arma contra qualquer ameaça é a sabedoria. Não deixe ser influenciada por fraquezas, mesmo que às vezes seja difícil. Seja fiel e forte nos seus ideais e não siga os exemplos errados, mesmo se quase todo mundo em sua volta tiver seguindo-os. Tenha força de caráter e logo você ficará conhecida e respeitada por isso.

***

Adoro história e adoro mulheres que desafiam regras. Por isso, podem aguardar por mais posts como esse!

Qual grande mulher te inspira?

Bjs,
Ju




sexta-feira, 2 de junho de 2017

Pequenas vitórias

O tempo passa rápido demais quando estamos imersos na nossa vida. Eu corro tanto atrás de sonhos e objetivos que nem sinto os meses passando. Mas enquanto cada segundo da minha vida é experienciado, eu estou satisfeita. Eu ás vezes penso que deveria ter mais, que eu deveria ter uma vida tão excitante e legal como esses blogueiros que viajam o mundo com um carro ou algo do tipo. Eu penso ás vezes 'eu já tenho 26 anos - eu já deveria ter criado um aplicativo e me tornado milionária! O que estou fazendo com a minha vida?' e talvez realmente seja mais fácil hoje em dia de ter aquela ideia milionária e ter a vida ganha. Mas eu já percebi que eu corro demais. Eu sou muito apressada e até mesmo estressada - eu invento o meu próprio estresse. E talvez eu já tenha me viciado em estresse, afinal vivo em um eterno estresse desde os 16 anos de idade. Na minha opinião, estresse vicia. Uma vez que você se acostumou com uma vida corrida, você não volta mais atrás. Você até curte umas férias, mas depois de no máximo 2 meses as suas pernas e mãos começam a tremer com vontade de fazer alguma coisa, de resolver problemas, de enfrentar esse mundo como uma soldada solitária que no final do dia sempre acaba vencendo.


E a vida, por mais insignificante que ela pareça, é maravilhosa. Tudo bem que eu não mudei o mundo com uma ideia extraordinária, e nem estou perto de ser uma pessoa importante, mas dentro do meu mundinho eu sou uma super-heroína.
Eu me lembro disso toda vez que desço as escadas do meu prédio antigo (construído 1904) e dou aquele suspiro antes de começar o dia de trabalho. Eu andei essa cidade pra cima e pra baixo atrás de um apartamento e a competição era tão grande, a busca tão exaustiva, que entrei em pânico e reclamei com todos os santos que conheço. Mas hoje moro num apartamento lindo e grande, que me deixa tão feliz e entendi como as peças se encaixam. Sem essa luta, o gostinho não seria a mesma coisa.
E quando estou no almoço com amigas do trabalho, pessoas que eu conheci há pouco tempo mas que me incluíram tão facilmente no seu grupo de amigas e me dão um sentimento de pertencer aqui - eu me lembro de como eu tanto sonhei com isso quando ainda estava planejando o meu futuro.
Eu senti que a vida é maravilhosa quando eu estava na beira do rio Main caminhando pelo mercado de pulgas. O sol estava cobrindo tudo com uma luz dourada, as árvores estavam todas floridas e balançando no vento como se tivessem dançando empolgadas, e tudo estava tão lindo e perfeito que me senti numa cena de um filme. Mas não, era a realidade, e ela é muito melhor que qualquer ficção.
Ás vezes no trem os olhares se cruzam com alguma pessoa que também está voltando para casa depois do trabalho e a gente sorri uma pra outra como se nos conhececemos, e quem sabe, talvez nós somos uma cópia da outra vivendo uma vida similar, e nem fazemos ideia. Quando as pessoas sorriem para mim eu penso que o mundo na verdade nem é tão duro como dizem.



Uma vez me falaram que eu brilho e que eu a inspiro a usar batom. Acho que foi definitivamente o melhor elogio que já recebi. Inspirar alguém a usar batom era basicamente o meu objetivo de vida e agora sou uma pessoa feita. Posso riscar isso da listinha.

Mas é verdade que eu consegui criar um estilo pessoal pelo qual sou reconhecida. Todo mundo já sabe que eu amo cor de rosa e que se for para me dar algo, melhor ser cor de rosa. No meu aniversário me deram uma carta com um unicórnio na capa o que confirmou que todo mundo me conhece muito bem. Ou talvez sou eu quem deixa bem claro quem eu sou. Mas quando você tem um estilo seu de uma maneira indesculpavelmente sua, é muito interessante ver como as pessoas acabam te respeitando por aquilo. Mesmo sabendo que a maioria dos meus colegas na empresa não suporta cor de rosa, eles fizeram questão de me dar presentes dessa cor porque sabem que eu sou assim e pronto. É satisfatório demais saber que eu não sou apenas mais um pontinho preto - mas aquela que brilha, mesmo que seja só por causa de um ótimo iluminador.

Um dia desses comprei móveis no IKEA, passiei na beira do rio de frente de casa, fiz compras no supermercado e me dei conta de que essa é a minha vida. Eu sou uma pessoa adulta e eu sou dona de tudo que eu tenho. Ninguém me deu, eu que lutei por tudo isso. E tudo bem, talvez eu não tenha um carro e nunca viajei até Paris, mas se um dia eu tiver e for, vai ser por conta própria. Isso é um luxo que poucas meninas têm e eu tenho muito orgulho disso, além de querer muito ajudar outras pessoas a terem essa mesma liberdade. Mas talvez você seja igual a mim - e talvez você está buscando por algo a mais na sua vida, e não se dá conta do quanto você já tem e o quanto você já alcançou.



Está na hora de celebrar as pequenas vitórias - só você sabe o quanto que teve que suar para conquistá-las. Celebre tudo, cada momento. Pois a vida é pura magia. Cabe a você a enxergá-la.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Rotina de beleza coreana - segunda parte!


O meu último post sobre a rotina de beleza coreana já faz algum tempo e desde então eu aprendi muitas coisas novas que gostaria de compartilhar com vocês :)

A nossa pele do rosto (e do pescoço) é muito vulnerável por ser bastante fina, porém ela é constantemente exposta a fatores agressivos como o sol (raios UV e UVA), a poluição, sujeira e pó. Tudo isso faz o quê com a sua pele: 
x danifica e causa irritação à pele
x causa híper-pigmentação em forma de excesso de melanina
x resseca a pele
x entope os poros

Resultado: a sua pele fica vermelha, com sensação ressecada e "repuxando", você desenvolve linhas e rugas precocemente, manchas escuras surgem e até mesmo espinhas por causa dos poros entopidos.

Mas tudo isso pode ser evitado com uma rotina de beleza eficaz. Eu vou mostrar para vocês a rotina que eu sigo atualmente e explicar também a importância por trás do uso de alguns produtos. 

Protetor Solar - SPF




A Santíssima Proteção Solar é a nossa salvação de vários dos problemas citados acima! Não é exagero. Você não só deve como PRECISA usar protetor solar todos os dias. Faça sol ou faça chuva, proteja-se do sol. Os raios UV e UVA te alcançam mesmo quando está nublado, então nem pense em verificar se tem sol antes de passar o creme. Inclua-o na sua rotina e não esqueça nunca. O protetor não só evita rugas precoces como também previne pigmentações escuras que são causadas pelos raios ultravioletos - o seu tom de pele pode, portanto, ficar irregular e com manchas que são bem difíceis de esclarecer.
Então, ficou claro: a regra número 1 de beleza e cuidados com a pele é USAR PROTETOR TODOS OS DIAS.

Indicação de produto:
O protetor solar é o único que eu realmente indico comprar de uma marca coreana ou japonesa. Eu tentei usar os protetores de marcas ocidentais, mas todos são melequentos, deixam a pele branca, dão um mega-trabalho por baixo de maquiagem, ardem nos olhos e por aí vai. Então se você for comprar um só produto asiático, que seja o protetor solar.

do meu Instagram: @lunaphorie
Para pele seca ou normal:
Missha All Around Safe Block Essence Sun SPF 45+++
Esse protetor solar é maravilhoso. Ele parece um creme meio grosso mas ao espalhar você vai notar que ele absorbe muito rápido e bem, deixando a sua pele não só protegida contra o sol, mas também hidratada. Por isso esse protetor é perfeito para quem tem pele seca. Esse protetor tem uma fragrância suave, que evapora bem rápido. Como as coreanas adoram um visual mais "brilhante" com um glow saudável, esse protetor proporciona exatamente esse look. Funciona perfeitamente por baixo de maquiagem!

Para pele normal ou oleosa:
Bioré UV Perfect Face Milk SPF 50+++
Esse protetor japonês funciona como um primer, pois ele deixa a sua pele matte e sem filme brilhoso. Eu o acho perfeito para usar em dias quentes quando se sua mais. A textura dele é o contrário do protetor da Missha - é líquido ao invés de cremoso e ao espalhar ele abosorbe na hora. Ele não tem cheiro, mas contém alcool nos ingredientes, então dependendo da sua pele isso pode causar irritação (mas quase todos os produtos de beleza de marcas ocidentais contém alcool). Eu o uso e nunca tive problemas. Também funciona perfeitamente com maquiagem.

Ambos protetores não tem preços caros - o da Missha gira em torno de uns 15 dólares e o da Bioré custa uns 10 dólares. É bem fácil de comprar um desses produtos pelo Ebay, pois são muito populares e muitos vendedores os oferecem online. Vale a pena testar esses protetores!!

Uma última observação: eu uso protetor solar na área dos olhos também e também nunca tive problema com nenhum dos dois protetores.

Exfoliantes Químicos - AHA BHA


Agora vamos partir para a parte científica dos cuidados de pele! Eba! Acima eu mencionei que sujeira e poeira tendem a entupir os nossos poros - assim como o suor, a oleosidade, alguns produtos comedogênicos (maquiagem, cremes, etc, que entopem os poros), e as células mortas da nossa própria pele. Resultado de poros entopidos: os poros têm uma aparência maior porque tem sujeirinha dentro deles, e isso pode causar espinhas e irritações. Por isso é muito importante exfoliar a sua pele - mas cuidado com exfoliantes e peelings mecânicos, ou seja, com bolinhas ou areia: essas pedrinhas botem machucar e arranhar a pele. A melhor opção entre os exfoliantes mecânicos seria uma microdermabrasão (por exemplo da Mary Kay), que têm bolinhas bem pequenas o que não danifica a pele.

Os exfoliantes químicos não têm bolinhas ou areia, são completamente líquidos. A exfoliação ocorre através de ácidos de fruta ou de leite, e são chamados de AHA e BHA.
Quais são os benefícios do uso desses exfoliantes?
- quando usado na quantidade certa, os exfoliantes químicos são mais suaves do que exfoliantes com bolinhas
- após de um uso regular de mais ou menos 6 meses, a ativação da produção de colágeno é acelerada! E todos nós sabemos que o colágeno é reduzido na idade
- graças a produção de colágeno e elastino, a pele fica até 25% mais grossa - o que também ajuda da prevenção de sinais de idade, pois com o tempo a pele vai ficando mais fina!
- as células mortas são retiradas e não obstruem mais os poros, então evita-se espinhas com o uso de exfoliantes de ácido
- ao retirar as células mortas da pele, os ingredientes de todos os tratamentos e cremes são aborvidos melhor e a proteção solar fica também mais estável 
- a maquiagem fica bem mais regular e natural, evitando a aparência exageradamente maquiada
- ajuda também a diminuir híper-pigmentação já que a camada da pele é renovada 
- diminui pequenas linhas e rugas e cicatrizes de acne que estejam na primeira camada dermatológica
- a pele brilha naturalmente e tem aquele "glow" desejado, já que o reflexo da luz é diferente sem as células mortas

Os pontos negativos do uso desse tipo de ácido são poucos. Na verdade só existe um: a sua pele fica bem mais sensível ao sol por causa da exfoliação, portanto, o uso de protetor solar forte (SPF 40 ou 50) é imprescindível. Além disso, existe a possibilidade de irritação quando se usa uma dosagem muito grande. No início é normal a pele ficar um pouco vermelha - é recomendado iniciar o uso aos poucos, somente a cada terceiro ou segundo dia, até a pele se acostumar.


O AHA é um ácido de frutas (ácido glicólico e cítrico) e ás vezes ácido de leite. Existem dosagens de 5% até 10%, o recomendável é o de no mínimo 7% (se não nem faz efeito). Ácidos de fruta exfoliam o mais eficientemente pois têm as menores moléculas. AHA tem aspectos hidratantes também e portanto não ressecam a pele e evitam irritações. Já o ácido de leite tem moléculas maiores e exfoliam mais suavemente pois não entram tão profundamente quanto o ácido de fruta.

O BHA tem uma vantagem sob o AHA para quem tem pele oleosa e tendência a acne: é também conhecido como ácido salicílico e é lipofílico, isso significa que ao contrário do ácido de frutas, ele também limpa os poros "por dentro", além de também ser anti-bacterial. Geralmente o BHA tem uma dosagem de 2%.

Resumo: AHA é ótimo para renovação de células, e produção de colágeno e elastina, penetra nas camadas mais profundas da pele e também ajuda na hidratação. BHA "limpa" os poros profundamente e combate assim espinhas e acne, mas não consegue penetrar tão profundamente quanto o AHA.

Os dois ácidos podem ser usados em combinação! Exsitem produtos que já incluem os dois ao mesmo tempo.

Como usar?
Comece aos poucos. Use no início 2 a 3 veses na semana, e vai aumentando aos poucos. Você pode usá-los até duas vezes ao dia (de manhã e de noite), mas tudo depende de cada pele e você precisa observar como a sua pele reage. 

Hidratar e acalmar a pele

do meu Instagram: @lunaphorie
A pele sofre e ela merece ser bem tratada. Por isso, invista em poucos produtos que proporcionem cuidados de qualidade e você vai notar a diferença que eles vão fazer.

1. Um bom limpador facial
Eu uso três passos para limpar o rosto, porque sou exagerada mesmo. Talvez não seja necessário, mas eu me sinto melhor assim. 
- Água micelar ou creme removedor de maquiagem dos olhos da Nivea: esse passo é para retirar o excesso da maquiagem dos olhos como rímel, sombra e corretivo. 
- Limpador facial de óleo ou cleansing oil: isso retira a maquiagem e o protetor solar por completo. Eu passo no rosto seco e depois retiro com água morna.
- Limpador fácial em gel ou creme: o último passo é para remover a sensação de óleo no rosto e porque eu sou obcecada por limpar a pele por completo. Eu passo no rosto úmido e retiro ou com água ou com uma toalhinha molhada.

do meu Instagram: @lunaphorie
Porque limpar: manter o rosto limpo é crucial para uma pele saudável. Além disso, os produtos que você usa a seguir terão maior eficácia com o rosto completamente limpo.

2. Tonificante
A água na Alemanha contém muitos minerais pesados e isso agride a pele. Eu sinto a minha pele repuxando depois de lavá-la. Por isso passo um tonificante para estabilizar a pele novamente, hidratá-la e ajudar na absorção dos próximos produtos. Ao invés do tonificante pode se usar um spray de água termal também.

3. Serum com Ácido Hyalurônico 
A nossa pele contém ácido hyalurônico, porém esse vai diminuindo conforme a idade, diminuindo também a hidratação e a elasticidade da pele. Esse ácido retem grande quantidade de água, mantendo a sua pele mais hidratada por um longo período. 

4. Óleo fácial


do meu Instagram: @lunaphorie
Eu uso e amo óleo orgânico de rosa mosqueta e amêndoa. O óleo de rosa musqueta é maravilhoso e ajuda em inúmeras coisas, mas para resumir: hidrata sem pesar, clareia manchas, ajuda com cicatrização (por exemplo de acne), tem ação antioxidante e prevenção de envelhecimento precoce. Já o óleo de amêndoa é ótimo para quem tem olheira escura, pois ele ativa a circulação e tem vitamina K, clareando assim a área dos olhos e ajudando até a diminuir aquele inchaço que tem na área dos olhos.
O óleo de Argan é indicado para quem tem pele mais oleosa, pois ele ajuda no tratamento de acne.

5. Hidratante facial
Existem tantos e é difícil achar um creme que tenha aquela sensação perfeita, sem pesar, sem ficar "derretendo" e escorrendo pelo rosto, que funcione bem com maquiagem....na minha experiência, um creme dura bastante tempo e um creme bom dura mais ainda. Você não precisa de uma quantidade grande. Fique longe de ingredientes como óleo mineral, parabenos, silicones e álcool. Eles entopem os seus poros, são tóxicos para o organismo, irritam e ressecam a pele. São ingredientes baratos que estão na maioria dos cremes de grandes marcas como Avon, L'Oreal, Neutrogena. Ao invés disso, invista em um creme de uma marca natural. É muito melhor para a sua pele e para o meio ambiente. 

6. Máscara facial


Uma das coisas que mais AMO fazer é passar uma máscara no rosto e relaxar por 15 minutos. Eu utilizo máscaras de tudo que é tipo - com argila para fazer um detox, máscaras exfoliantes, máscaras hidratantes...existem inúmeras receitas caseiras que você pode seguir. A aparência da minha pele melhorou muito desde que costumo usar máscaras regularmente.

7. Máscara de tecido

As famosas "Sheet Masks" da Ásia já estão muito populares na Europa e nos EUA, e lojas como Sephora oferecem várias opções dessas máscaras de tecido. Esse tecido vem num sachê cheio de serum, e estão completamente ensopados. Você põe a máscara de tecido no rosto e usa por uns 30 minutos. As ações são diversas e existem mil e uma máscaras diferentes - até umas bem divertidas, com imagem de animais por exemplo (o pessoal da Coréia ama tudo que é fofinho). Esse tipo de máscara é um dos grandes segredos da beleza coreana e eu já me viciei. Você pode encontrar máscaras coreanas nessa loja online brasileira Asibe, e esse site também tem as suas próprias máscaras: Skinlite
Porque elas funcionam? O tecido cria uma "barreira oclusiva" que ajuda a aumentar os efeitos dos séruns ativos por baixo da máscara. 

***

Existem 1001 coisas para fazer com a sua pele para ela ficar linda. E cada um tem que ir descobrindo aos poucos o que é melhor para si!

Me contem as suas experiências! E sigam o meu Instagram focado em beleza: @lunaphorie (em inglês - a maioria das fotos desse post são de lá!)

Beijos
Ju



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O sonho de um mundo melhor: O que podemos fazer AGORA?


Há quase três semana atrás, no dia 21 de janeiro de 2017, participei aqui em Frankfurt da Marcha das Mulheres - Women's March Frankfurt - uma das marchas organizadas em soliedaridade com a marcha de Washington e em protesto ao machismo, racismo e homofobia do novo presidente dos EUA, Donald Trump. Essa marcha das mulheres ocorreu em cidades como Sydney (Austrália) com aprox. 5000 pessoas, Cidade do Cabo (Africa do Sul), Nairobi (Quenia), Paris (França), Cidade do México, Londres com 100 mil pessoas! - além de protestos também na Grécia, República Tcheca e Espanha, entre outros.
Em Frankfurt tivemos a participação de 2100 pessoas na marcha. Pessoas de todas as idades participaram - mulheres jovens e idosas, adolescentes, crianças com os seus pais e irmãos, homens jovens e mais velhos. Mulheres muçulmanas como pessoas da comunidade LGBTQ participaram, e inclusive particparam de palestras depois. O clima foi muito amigável e positivo, gritávamos várias frases como "Meu corpo, minha escolha", "Igualdade já", "Black Lives Matter", "Sim significa sim, e não significa NÃO!". A polícia acompanhou todo o trajeto e organizou os espaços, inclusive alertando pelo auto-falante para onde deveríamos ir a fim de que todos coubessem nas ruas ou na praça no final. Ficou bem claro que fazíamos parte de um grupo privilegiado de manifestantes - pois a polícia pode ser pacífica na Alemanha, mas se um grupo de 2000 pessoas de negros ou árabes tivessem protestando, tenho certeza que o policiamento seria bem diferente.



Foi para isso que duas palestrantes de um grupo universitário chamado People of Color alertaram: a nova antiga política racista está surgindo novamente na Europa, e o racismo está se tornando comum novamente. Comentários que há alguns anos atrás causariam horror na sociedade alemã, já estão sendo tratados com normalidade hoje em dia. Donald Trump tornou-se presidente dos EUA e infelizmente deu força a vários políticos com discursos parecidos a dele: medo, ódio e preconceito conseguiram ganhar força não só nos EUA, mas também na Europa e no Brasil. Os fãs do Bolsonaro, por exemplo, aparecem em todas as publicações nas redes sociais na seção dos comentários, espalhando discursos de ódio, o que causa uma grande preocupação aos observadores. Será que Trump foi só o início? Será que outros como ele estão prestes a tomar o poder dos nossos países?



Aqui na Alemanha a preocupação começa a ficar maior. Não se vota diretamente em um presidente como acontece no Brasil. Aqui votamos no partido, esse escolhe o seu representante e dependendo da porcentagem de votos o partido ganha mais poder e participação no Bundestag, onde as leis são definidas. Um partido da extrema direita, o Afd, está crescendo rapidamente. As pessoas estão cansadas dos "velhos partidos", os partidos mais convencionais como o CSU (partido da Angela Merkel) e o SPD (partido democrático, leve esquerda), e aos poucos estão se aproximando de um partido que fala o que muitos pensam: Alemanha para alemães, fora refugiados! O que dá poder ao partido não são boas propostas políticas, mas o medo que muitos alemães têm. O medo do estranho, o medo do novo.

"O lugar de uma mulher é na resistência." Amei essa frase!
Tudo isso, todos esses acontecimentos, causam muita preocupação em nós que sonhamos com um mundo mais inclusivo, diverso, livre. Um mundo onde todos, independente da cor, religião ou orientação sexual, possam ter as mesmas oportunidades e os mesmos direitos. Eu estou preocupada e é por isso que quis participar da Marcha das Mulheres, para fazer a minha parte e mostrar ao mundo que não vamos nos calar. Que vamos continuar lutando por aquilo que acreditamos: liberdade, igualdade e respeito.

Mas depois que a animação e euforia da marcha passou, eu me peguei pensando: e agora? O que fazemos depois do protesto? Qual será o próximo passo?

2016 foi um ano difícil, mas para que 2017 seja diferente, nós precisamos ser diferentes, e agir de modo diferente. Não adianta só ficar preocupada, e não adianta só participar de um protesto. Se queremos um mundo melhor, temos que fazer algo também.

O que podemos fazer agora:

- Support your local girl gang: 


Pesquise pelo Facebook ou Google por grupos de mulheres, grupos feministas, ou grupos políticos que te interessam. Talvez exista algum grupo de debate, de uma universidade ou somente pessoas que querem se reunir e fazer a sua parte. E quem sabe, talvez você mesma queira criar um grupo próprio e juntar-se com amigas que também queiram se tornar mais ativas. Grupos também podem ser apenas virtuais - podem focar em livros, em eventos, ou podem ser bem informais só para termos um espaço para compartilhar assuntos - isso também é importante, termos espaços para dialogar e combater os pensamentos antigos que não deveriam mais estarem presentes nas mentes das pessoas. Enfim, sejamos mais criativas, abertas e corajosas - e quem sabe você não encontra várias pessoas legais e faça novas amizades!


- Vamos nos apoiar - seja no dia-a-dia ou nas redes sociais!


 Silêncio também é uma resposta. Virar as costas é o mesmo do que apoiar alguma injustiça. "Se você for neutro em situações de injustiça, você escolheu o lado do opressor."- Desmond Tutu.
Claro, isso exige coragem. Dizer algo, levantar a voz e apontar para uma injustiça, protestar contra algo errado - tudo isso exige coragem de nós. Mas precisamos ser corajosos. Chegamos ao ano de 2017, e o mundo já conquistou tantos progressos. Ainda não chegamos aonde precisamos chegar. Racismo não é algo raro - quantas vezes ficamos diante de cenas e pessoas racistas? Precisamos sim protestar! Isso nem sempre significa que você terá de levantar a voz em frente a uma multidão - um pequeno protesto em família, com colegas de trabalho ou amigos também é um sinal. Piadas racistas, homofóbicas e machistas transmitem uma mensagem errada sobre temas que são sérios. E dessa forma ridicularizam as pessoas que sofrem com discriminação todos os dias. Você não quer ser chata? Não quer que dizem que você está de mimimi? OK, então escolha o caminho mais fácil, seja uma cúmplice do racismo, do machismo. Não levante a voz, não fale que é errado. Assim como os alemães não fizeram quando os nazistas estavam ganhando poder. Quem sabe se mais pessoas naquela época tivessem dito algo, a história poderia ter sido outra.
Então: vamos apoiar uma a outra. Vamos ser pessoas corajosas. Vamos abrir a nossa mente e respeitar as diferenças - e exigir respeito. Não vamos ser covardes e mostrar as costas para quem precisa de ajuda. Vamos ser tão corajosas como as pessoas que lutaram pelos direitos que temos hoje.


- Eduque-se!


Leia livros feministas, livros de história, informe-se sobre os seus direitos. Entenda o passado e o que nos levou até aqui. Eu li um livro sobre sete mulheres que viveram durante a Revolução Francesa, um livro que aborda todos os lados da revolução: mulheres pobres, da classe média, mulheres influentes e ricas. O papel da mulher na Revolução. Aprendi tanto com aquele livro - não fazia ideia de várias coisas. Naquela época, século XVIII, mulheres eram vistas como seres misteriosos - basicamente não eram vistas como pessoas. Elas também não contavam como cidadão, eram cidadãos passivos. Uma coisa que me espantou muito foi quando li um livro sobre a vida de uma jovem menina na França antes da revolução. Após a morte do pai dela, o irmão dela tinha a guarda sob ela. Ele organizou o casamento dela com um homem rico, que claro, era bem mais velho. O casamento foi infeliz e o marido morreu após pouco tempo. Como ele não se importava com ela, ele não deixou nada para ela de herança - só se ela tivesse tido um filho homem ela teria recebido algo (que seria na verdade do filho). Ela então inventou que estava de fato grávida, para não ficar na rua, pois a casa onde morava passou a pertencer ao primo do marido falecido. Ela acabou tendo que voltar para o irmão, que queria que ela se tornasse freira. Ela então fugiu para Paris e procurou um emprego, porém, como ela era de uma boa família, ninguém queria a contratar pois seria contra a vontade do irmão dela, e não queriam se meter com o irmão. Ela não encontrava um trabalho como lojista pois não tinha experiência com isso, além da humilhação (uma mulher de boa família que trabalhava era mal visto, pois todas normalmente casavam). A última opção seria a prostituição, que no caso seria ter um homem que a bancava, e em torno ela se tornava a "mistress" dele e pertencia a ele. No momento que ele enjoasse dela, ela estaria na rua. Legalmente a mulher não tinha nenhuma proteção. Então, se o seu marido por algum motivo não se importasse contigo e morria, você como mulher estava 100% na mão. Eu fiquei muito chocada - não sabia disso, mas de outra forma eu comecei a entender melhor o machismo de hoje. Ele existe há milhares de anos e por isso é tão difícil de re-educar as pessoas.
Por isso é importante ler muito e aprender sobre o passado, assim como entender os direitos que temos e os que ainda não temos.

- E depois que você tiver lido e aprendido mais, compartilhe esse novo conhecimentos com as suas amigas, a sua mãe, irmãs, primas - talvez você possa introduzí-las a essas novas leituras.

- Abra os seus horizontes! 


Infelizmente, existem várias formas de discriminação. Mulheres negras, mulheres lésbicas ou bisexuais, mulheres trans*, mulheres pobres, mulheres indígenas, mulheres com deficiência - todas elas enfrentam discriminações diferentes e têm experiências diferentes em relação ao sexismo e machismo. O termo "white feminism" já é utilizado para mulheres brancas e socialmente privilegiadas, que apesar de estarem na luta contra o machismo, essa luta só envolve os problemas que elas enfrentam - ao invés de abrirem os seus horizontes e pensarem de forma mais globalizada. Eu como mulher branca não faço ideia das discriminações que uma mulher negra ou uma mulher homosexual passa - mas isso não quer dizer que devo ignorar essas dificuldades e lutar só por aquilo que é importante para mim. Exemplos de feminismo branco seriam:
- O seriado "Girls" foi aplaudido como feminista, porém, não tinha uma única atriz negra no elenco. Lena Dunham foi criticada por isso e disse que queria "escrever a partir de um ponto preciso e paixão e compreensão" e não tinha conhecimento suficiente sobre mulheres negras. Isso é motivo suficiente para completamente ignorá-las e escluí-las da trama? Será que ela não teria alguma maneira de incluir alguém no seu time de esritores que pudesse ajudá-la com isso? Aparentemente, não houve interesse. Ela quis criar um conteúdo feminista, mas de um feminiso que exclui ao invés de incluir.

Essa foto exemplifica "feminismo branco":

Desperdiçar absorventes para escrever mensagens como "Sem vagina, sem poder" ou "Sangre com orgulho" - e dessa forma excluindo mulheres trans* - em vez de doar os absorventes para mulheres que realmente poderiam estar precisando disso (lembrando que absorventes não é barato e existem tantas mulheres em situações de rua que precisam disso!), é um feminismo completamente egoísta e não contribui com nada, nem mesmo com o meio ambiente, já que esses absorventes foram completamente desperdiçados e seguirão pro lixo.

Mulheres "brancas" têm mania de querer libertar outras mulheres dos seus destinos tristes. Em vez de refletir e entender que cada mulher tem o direito de escolha, elas pensam que o jeito que elas vivem é o melhor jeito, é o único jeito para ser uma mulher livre e feminista. Mas isso é errado e egoísta. Mulheres muçulmanas ou cristãs ou de qualquer outra religião, que optam por se cobrirem, por não mostrarem o seu corpo, têm o total direito de fazer isso. Ninguém é obrigada a viver de uma forma que os outros achem certo. 

Além de que muitas mulheres do movimento feminista não pensam sobre o privilégio que elas têm em comparação com as mulheres negras, por exemplo. O movimento sufragista por exemplo lutou pelo voto feminino - mas não estavam dispostas a lutar também pelos direitos das mulheres negras. Nos EUA por exemplo, as mulheres puderam votar a partir do ano 1920. Porém, até os anos 60, mulheres negras tiveram muita dificuldade em exercer o seu direito de votar, principalmente nos estados do sul do país. A população indígena dos EUA só começou a votar nacionalmente a partir de 1965, antes não eram vistos em todos os estados como cidadãos americanos (irônico, não é?)

No Brasil as mulheres tiveram o direito de votar em 1932 (mas só foi exercido em 1935) - mas só as casadas (com autorização do marido), viúvas e solteiras com renda própria. A partir de 1946 que as eleições no Brasil eram livres, incluindo também o voto de mendingos, e em 1988 os analfabetos foram liberados para votar. Sendo que grande parte da população negra não tiveram muito acesso à educação antigamente, então é provável que só começaram a votar mesmo a partir de 1988. Como o Brasil teve ditaduras, também não houve muitas eleições antigamente...
Enfim, é importante sempre lembrarmos desses privilégios - poder exercer a sua cidadania, votar em um candidato político, e dessa forma participar das ecolhas para um futuro melhor até pouco tempo atrás era um privilégio de uma porcentagem mínima - que chegava a apenas 10% da população brasileira.

- O que também devemos tentar fazer é apoiar projetos feministas e de inclusão social. Peças de teatro, bandas, livros, filmes, músicas, blogs e sites - vamos tentar apoiar pessoas que estão focando o seu tempo e trabalho para distribuir conteúdo tão importante!

- Manter o otimismo e a esperança, e continuarmos a lutar! Não podemos desanimar, mesmo com tanta notícia ruim. Precisamos nos lembrar de todos os avanços que foram possíveis no passado e continuar acreditando que um futuro melhor é possível!

***
O texto ficou realmente imenso e agradeço a todos que leram até o final! Você têm mais alguma ideia do que podemos fazer agora para ajudar a nossa luta?  Tem algum projeto, livro ou filme sobre esse assunto a compartilhar? Conte nos comentários!

Beijos,
Ju